domingo, 12 de junho de 2011

Segredo para o Robledo

Essa mania de transformar em escrita o que nos vai na alma, é coisa muito antiga na minha família.
Quando bate a vontade de escrever, qualquer coisa serve.
Mexendo nas lembranças da minha mãe, encontrei essa cartinha que ela escreveu para meu filho Robledo, lá na nossa Granja, em um dos seus momentos de solidão, no verso e por cima de uma ficha veterinária.
Claro que ela nunca enviou.
Existe ali a marca inexorável da minha mãe, Sempre Presente, mesmo sem que a vejamos.
Dizia sempre que ía ficar prá semente.E fcou... Esse era o seu segredo.
Sinto sua presença em todos os lugares e em tudo que faço.
Deve ser a semente germinando...
Transcrevo o que ela escreveu:


Robledo!
"Agora mesmo, aqui na granja, às 12h38m, do dia 30/03/1981, ouvi uma notícia no Rádio, de que por causa da violência que assombra o mundo de nossos dias, um jovem de 16 anos ou 17 + ou -, foi morto num baile de CTG.

Imagina Robledo o que a Vó Dinda sentiu lembrando-se de tua mocidade, frequentando festas, nesta época tão conturbada pela maldade daqueles que querem vencer, sem nada dar de si, mas sabes o que a Vó Dinda acaba de pensar agora que te escreve estas linhas?

Eu vou te contar, bem em segredo. Pra ti nada vai acontecer de mal. Porque a Vó Dinda não vai para onde todos terão de ir, e vai te acompanhar sempre nas festas que irás frequentar, pois nesta altura já deves ter percebido que a Vó Dinda é louca por uma festa e tu não irás a nada sem me levares."

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